segunda-feira, 28 de outubro de 2019

Morre Abílio de Barros em Campo Grande


Lançamento dos livros de José Carlos Robaldo e Hélio do Amaral

Acompanhe as fotos do lançamento dos livros “Viajando no Tempo”, do acadêmico José Carlos de Oliveira Robaldo “Humano, Ecologia e Cultura no Século XXI”, do autor Hélio do Amaral. Fotos de Patrícia Dapper, do site amambainoticias.com.br.


























quinta-feira, 24 de outubro de 2019

ACAL promove dois lançamentos de livros nesta sexta-feira (25/10) em Amambai

Clique na imagem para ampliar.
A instalação da Academia Amambaiense de Letras (ACAL) fortaleceu, efetivamente, a literatura local através da criação da Lei nº. 2.603/2018 proposta pela Vereadora Janete Córdoba e sancionada pelo Prefeito Dr. Bandeira, além do lançamento de novos livros e de novos autores.

Formada inicialmente por vinte membros fundadores, a ACAL incentiva a produção de novas obras literárias, como é o caso dos acadêmicos Albertino Fachin Dias, Rogério Fernandes Lemes, Aldair Lucas Carvalho, Edirley Viana Vieira, Almiro Pinto Sobrinho, José Carlos de Oliveira Robaldo, Diobelso Teodoro de Souza e Cladi Cecília Agostini Levandowski, que é membro correspondente da ACAL pelo Estado do Paraná e dos escritores amambaienses Hélio do Amaral, Helena Kolle e Aurelio Alves Osterberg.

Nesta sexta-feira, dentro das atividades literárias e culturais da Semana Municipal da Leitura, Amambai será palco de mais dois lançamentos de livros: o “Viajando no Tempo”, do acadêmico e amambaiense José Carlos de Oliveira Robaldo, que está em sua 2ª edição, pela Biblio Editora; e, “Humano, Ecologia e Cultura no Século XXI”, do amambaiense Hélio do Amaral publicado, também, pela Biblio Editora.

A Academia Amambaiense de Letras convida a todos e todas para este evento importante da Literatura na cidade de Amambai.


Currículo de José Carlos de Oliveira Robaldo
É amambaiense; graduado na Faculdade de Direito da USP. Mestre em Direito na UNESP (Franca, SP). Professor universitário. Advogado. Procurador de Justiça aposentado. Foi Promotor de Justiça no Estado de Mato Grosso do Sul, Delegado de Polícia no Estado de São Paulo e Conselheiro Estadual de Educação do Estado de Mato Grosso do Sul. Autor e coautor de vários livros e de inúmeros artigos. Membro Fundador da Academia Amambaiense de Letras (ACAL) ocupante da cadeira nº 14, que tem como patrono Walmir da Rosa Peixoto. Esta obra também encontra-se disponível em e-book.

Currículo de Hélio do Amaral
É amambaiense; formado em Direito pela UFPR. Formado em Psicologia pela Uiniv Tuiuti (PR). Especialista em Direito Público e Gestão de Segurança Pública. Vários Cursos de Extensão Universitária. Advogado, Psicólogo e Delegado de Polícia Federal aposentado. Autor de “Proteção ao Meio Ambiente: o Desafio do Século XXI para a Polícia Federal” em Monografia laureada com menção honrosa pela Banca Examinadora da ANP, de Brasília (DF).


Data do Lançamento: 25 de outubro de 2019
Horário: 19h
Local: Câmara Municipal de Amambai, MS

sexta-feira, 18 de outubro de 2019

ACAL é destaque na Noite Nacional da Poesia 2019

Conheça a página do acadêmico. Clique aqui.

ANTIGAS FOTOGRAFIAS DE CAMPO GRANDE  

Antigas fotografias de Campo Grande
Vestem as minhas lembranças.
São partes das vísceras e dos passos 
Dos que, como eu,
Brincaram a infância aqui.

Compõem e definem a Identidade,
O Curriculum Vitae e a herança
Dos que pertenceram, pertencem
E pertencerão às suas ruas.

A Vila Ferroviária encolhida
Com seus paralelepípedos alinhados,
A Afonso Pena robusta e a Mato Grosso
Com suas árvores centenárias gordas.

Os primórdios da 14 de Julho, Calógeras,
13 de Maio, Barão do Rio Branco...
Revestidas de calçadas rudes e carroças
E de casas e lojas que não existem mais.
Os vultos de pessoas e carros antigos 
O crepúsculo abocanhou para sempre.

Os Cines Alhambra, Rialto, Santa Helena...
O tempo insidioso trincou as fotografias
Que tremulam amareladas 
Em minhas mãos parkinsonianas,
Deixando pegadas úmidas em meus olhos.

A ternura envolve meu coração pastoso, 
Enternecido e taquicárdico.
É quase impossível não escorrer 
Gotículas desajeitadas pela minha face.

E quando chega o dia 26 de Agôsto
O melhor que a minha idade permite
É abrir uma janela larga da tarde
Para algum horizonte possível.

Como eu não tenho mais a quem recorrer,
Eu me deleito na saudade e melancolia
Que me invade completamente.

terça-feira, 15 de outubro de 2019

Amambai é representada em Encontro Internacional de Escritores na Argentina

Puerto Iguazu (Argentina) – A Academia Amambaiense de Letras (ACAL), na pessoa de seu idealizador e 1º Presidente, o escritor Rogério Fernandes Lemes, representou a cidade de Amambai no XVIII Encuentro de Escritores del Mercosur; XIV Congresso Internacional de Educación Intercultural y Literatura Contemporânea; XI Encuentro de Productores Culturales del Mercosur.
Auditório do Parque Nacional Iguaçu - Brasil.
O evento internacional ocorreu na cidade argentina de Puerto Iguazu, entre os dias 11 a 14 de outubro de 2019. Rogério Fernandes Lemes foi um dos convidados para palestrar no evento, com o tema “A Literatura e sua Função Libertadora”, que aconteceu no Auditorium Viejo Hotel Cataratas, no Parque Nacional Iguazu.
Auditorium Viejo Hotel Cataratas, no Parque Nacional Iguazu - Argentina
Também participaram do evento o escritor e Presidente da Academia Douradense de Letras (ADL) Marcos Coelho e a atriz e cantora Glória Toledo.

“Participar de evento dessa grandeza é uma experiência memorável, além de fortalecer os laços literários e culturais para eventos futuros no Mato Grosso do Sul e, especialmente, na cidade de Amambai”, afirmou o Presidente da ACAL. “Temos muito a oferecer aos irmãos argentinos e paraguaios. Certamente que essa interação enriquece a cultura no Mercosul, bem como, todos os participantes envolvidos. Meus agradecimentos especiais ao empresário amambaiense Valter Otaño Nunes, por seu apoio literário”, conclui Rogério.
Rogério durante sua palestrar com o tema “A Literatura e sua Função Libertadora”.
A próxima edição do evento para 2020 será na mesma data, de 11 a 14 de outubro, afirmou o Organizador do encontro, Eduardo Galeano. 

Aripuca, Argentina.
Banner da edição de 2019.


terça-feira, 1 de outubro de 2019

Almas entardecidas

Imagem: miro.medium.com

Encontraremos tranquilidade na solidão? Talvez este fosse o único pensamento a impulsionar os neurônios da moça paralisada sobre o banco da praça. Nem mesmo o tempo e suas ameaças, de chuva e ventos fortes a caminho, atraíam a atenção dela. Na mão esquerda um pedaço de bolo embolorado e, na direita, a esperança de reencontrar significados para sua vida solitária. Segurava com força um pequeno totem de argila que ganhara de um amigo, que regressara de Machu Picchu recentemente. Não estava segura o bastante para aceitar que tal objeto pudesse mudar sua sorte, nem mesmo sentia culpa ou vergonha por delegar tal empreendimento às coisas inanimadas. Afinal, animação era uma palavra que Annabelle carecia já há algum tempo, a contar pela escolha do nome dado por sua mãe. Para ela, ainda que sua mãe tivesse todas as razões do mundo para escolher Annabelle, isso tirou dela o direito de se perceber no mundo; de escolher sua representação mais caricata: seu nome que, em verdade, sua escolha predileta sempre foi Cristini.

Notou quando uma pessoa se aproximou e, sem hesitar, sentou a seu lado. Continuou imóvel e com o olhar penetrado no nada, apenas com o pensamento na eventual função social da solidão. Ao lado, o homem finge não perceber a presença de Annabelle. Mas tudo não passa de um jogo. Uma trama. O ar quente e triste do local contribuía para um entardecer bucólico. A poeira vermelha deixada pelos veículos lentamente se dissipa entre plantas e pessoas. Algumas com máscaras e outras, com máscaras eternas.

Annabelle pensava na incoerência da presença. Mesmo ali, próximos, ambos eram desconhecidos e solitários. E por este mesmo motivo, acreditava que conversar sobre lamúrias e desventuras seria ainda pior; potencializaria, ainda mais, uma situação há muito penosa, desgastante e extremamente decadente. Notou um barulho irritante da mão do estranho penetrando um pequeno saco de papel endurecido. Biscoito? Jujubas? O que estaria por encontrar no fundo do saco; no fundo do poço. Justamente no mês de setembro início do mês, na verdade, ar seco, secura constante, temperaturas elevadas, o que motivava aquele estranho a deixar o conforto do lar para alimentar-se em local tão improvável? Tinha em mente que, se perguntasse algo, seria o gatilho para uma aproximação. Isso não. Não naquele momento. Não naquela vida.

Se a solidão, eventualmente, tem uma finalidade, Annabelle queria encontrar a sua. Era segundo pensava, um direito seu ou, quem sabe, uma dádiva. O fato é que estar só tem lá suas vantagens como, por exemplo, imergir em si mesma, protegida aparentemente, de todas as frustrações. Dizem que a pior solidão é aquela do ausentar-se de si mesmo; não encontrar sentido para a própria vida e não ter forças para ressignificar o mundo. Annabelle estava acompanhada, com uma pessoa ao seu lado, porém, não estava em si e estava completamente só.

A cada mastigação, uma repulsa. Seria proposital daquele estranho ou uma estratégia tosca de aproximação. O fato é que Annabelle não conseguia mover um músculo sequer para atravessar a praça. Sair dali o quanto antes. No silêncio misturado com dentes, língua, saliva e restos de alimento, ela percebeu o momento de caridade daquele estranho. Lentamente o saquinho de papel endurecido diminuía a distância até seu corpo. Annabelle vira-se, mais lentamente ainda, com um olhar penetrante e absurdamente morto.

Por alguns segundos aquele estranho parecia desnudar a si mesmo e dizer o quanto a compreendia, pois também desejava romper, abruptamente, com tudo o que o definia; o que o rotulava. Sem palavras ou gestos de qualquer demonstração de afeto, Annabelle introduziu a mão esquerda para tomar o que não era seu por direito; para tomar para si algo oferecido. Eram jujubas de puro açúcar e coloridas artificialmente, tal qual sua vida desbotada naquele entardecer cinzento e quente.

Assim permaneceram por longos minutos, até o instante em que a última guloseima fosse destroçada por dentes robotizados. As bocas totalmente animadas por movimentos quase que, involuntários, seguiam frente ao crepúsculo que, lentamente, sucumbia à épica batalha com as trevas.

O homem levanta-se e inicia seus primeiros passos. Annabelle, imóvel, esboça algumas palavras. Talvez as melhores e mais significativas para aquela demonstração de irmandade. Imersa em pensamentos solitários, Annabelle sabia que o alimento é, em verdade, um fenômeno de aproximação com um poder enorme de igualar as almas; de ignorar posições sociais e relembrar ao ser humano sua marca essencial: a finitude.

— Obrigada.

Sem olhar para trás, o homem desaparece lentamente na poeira. “Lugar de onde veio e para onde vai” – pensou Annabelle.

Antes de sumir completamente, o homem responde:

— Seja livre, Cristini.


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Cadeira nº. 1:
Patrono: Antônio Delgado Martinez