segunda-feira, 13 de novembro de 2023

Paralaxe

Por Rogério Fernandes Lemes


O poeta colide com o tempo
Cruza os céus
E entre uma nuvem e outra
Abraça a dádiva da vida
Com todas as suas forças.
A poesia é rota de colisão
Aos despercebidos do tempo
Aos aprimorados em instantes perfeitos
Inconformados com a falta de fé
São tomados pela rítmica
E infinita sucessão de erros e acertos
Tentativas e determinâncias
Efusivos que fazem dela, a poiesis,
O processo mais criativo
Mais estrondoso a fundir-se
Com o tempo que não espera,
Não perdoa, não volta atrás...
O poeta sabe disso
E mesmo assim, paralaxia
Novas palavras, novos signos
Novos sons...
Poesia em tudo,
Para todo o sempre.

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Cadeira nº. 1
Patrono: Antônio Delgado Martinez

terça-feira, 7 de novembro de 2023

Rogério Fernandes lança livro infantil na III FELIT-MS


Dentro da programação da  III Feira da Literatura de Mato Grosso do Sul (FELIT-MS), que acontecerá no Shopping Avenida Center, em Dourados nos dias 8, 9 e 10 de novembro de 2023, o presidente da ACAL lançará na quinta-feira, ( 9) às 15h30 e às 20h, seu terceiro livro infantil da série As Aventuras de Nicolas.


SAI NA IMPRENSA



quarta-feira, 1 de novembro de 2023

Sinapses da infância


O menino saiu pelo campo

Logo depois da chuva

Amava sentir a refrescância na sola dos pés

Ao pisar a grama molhada.

 

Seus olhos atentos à superfície do chão

Em busca das tenras e inigualáveis guaviras

Que explodiam no céu da sua boca

Em um misto de vislumbre e sinestesia

Do mais verdadeiro paraíso.

 

Ao percorrer toda a extensão

Sempre colidia com a casinha de palha

Sustentada por varotes de cambará

“Lenha de bugre”, sempre ouviam lhe dizer

Mas não entendia o que significava.

 

Queria adentrar ao casebre à beira do brejo

Impregnado com o cheiro da fumaça constante

Do crepitar do cambará partindo em brasas

Ansiava pelo evento que mais iguala os seres vivos:

O alimentar-se cotidianamente.

 

A iguaria era simples: mandioca cozida

Imersa em graxa quente

Assim vislumbrava o ente devorar seu café da manhã

Totalmente envolto em icônica existência.

 

O menino sempre que saia pelo campo

Logo depois da chuva, com os pés molhados

E o gosto ainda intenso, da última guavira,

Se deparava com a casinha de palha, à beira do brejo

A observar o alimentar-se do ente

Que rangia os dentes, totalmente imerso

E envolto em sua icônica existência.