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ANTIGAS FOTOGRAFIAS DE CAMPO GRANDE
Antigas fotografias de Campo Grande
Vestem as minhas lembranças.
São partes das vísceras e dos passos
Dos que, como eu,
Brincaram a infância aqui.
Compõem e definem a Identidade,
O Curriculum Vitae e a herança
Dos que pertenceram, pertencem
E pertencerão às suas ruas.
A Vila Ferroviária encolhida
Com seus paralelepípedos alinhados,
A Afonso Pena robusta e a Mato Grosso
Com suas árvores centenárias gordas.
Os primórdios da 14 de Julho, Calógeras,
13 de Maio, Barão do Rio Branco...
Revestidas de calçadas rudes e carroças
E de casas e lojas que não existem mais.
Os vultos de pessoas e carros antigos
O crepúsculo abocanhou para sempre.
Os Cines Alhambra, Rialto, Santa Helena...
O tempo insidioso trincou as fotografias
Que tremulam amareladas
Em minhas mãos parkinsonianas,
Deixando pegadas úmidas em meus olhos.
A ternura envolve meu coração pastoso,
Enternecido e taquicárdico.
É quase impossível não escorrer
Gotículas desajeitadas pela minha face.
E quando chega o dia 26 de Agôsto
O melhor que a minha idade permite
É abrir uma janela larga da tarde
Para algum horizonte possível.
Como eu não tenho mais a quem recorrer,
Eu me deleito na saudade e melancolia
Que me invade completamente.
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