O menino saiu pelo campo
Logo depois da chuva
Amava sentir a refrescância na sola dos pés
Ao pisar a grama molhada.
Seus olhos atentos à superfície do chão
Em busca das tenras e inigualáveis guaviras
Que explodiam no céu da sua boca
Em um misto de vislumbre e sinestesia
Do mais verdadeiro paraíso.
Ao percorrer toda a extensão
Sempre colidia com a casinha de palha
Sustentada por varotes de cambará
“Lenha de bugre”, sempre ouviam lhe dizer
Mas não entendia o que significava.
Queria adentrar ao casebre à beira do brejo
Impregnado com o cheiro da fumaça constante
Do crepitar do cambará partindo em brasas
Ansiava pelo evento que mais iguala os seres vivos:
O alimentar-se cotidianamente.
A iguaria era simples: mandioca cozida
Imersa em graxa quente
Assim vislumbrava o ente devorar seu café da manhã
Totalmente envolto em icônica existência.
O menino sempre que saia pelo campo
Logo depois da chuva, com os pés molhados
E o gosto ainda intenso, da última guavira,
Se deparava com a casinha de palha, à beira do brejo
A observar o alimentar-se do ente
Que rangia os dentes, totalmente imerso
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