sábado, 19 de agosto de 2023

Escritor amambaiense desenvolve projeto literário em Comodoro, Mato Grosso

 


A cidade de Comodoro, Mato Grosso, cerca de quase 600 quilômetros da capital Cuiabá viveu, na noite de ontem (18), um momento literário muito especial. Trata-se da Noite de Talentos que aconteceu nas dependências da Escola Estadual Dona Rosa Frigger Piovezan. O evento foi o desdobramento do projeto de ensino “Poemas em Sala”, da disciplina de Língua Portuguesa e conduzido pela professora Andreia Neves de Souza, com alunos das turmas B, C e D do 2º Ano e das turmas A, B e C, do 3º Ano.

A produção literária foi publicada no 6º volume da Coletânea 50 Vozes Poéticas do Brasil, pela Biblio Editora. O projeto, de âmbito nacional, foi idealizado em 2019 pelo escritor e poeta amambaiense Rogério Fernandes Lemes, presidente da ACAL (Academia Amambaiense de Letras).

Da cidade de Comodoro (MT) participam da obra 26 alunos e professores. A Noite de Talentos teve como objetivo principal o lançamento da coletânea e de seus novos poetas. A ideia é motivar e inspirar os estudantes para que coloquem no papel, de forma poética, tudo aquilo que posso angustiá-los, de forma a realizarem uma intervenção positiva, através das letras, na realidade que os cerca.

A Biblio Editora apoia projetos como os da Escola Estadual Dona Rosa Frigger Piovezan, assim como já apoiou projetos semelhantes em Saúde, na Bahia; em Guia Lopes da Laguna, Dourados e Naviraí, no Mato Grosso do Sul.

ALGUMAS FOTOS DO LANÇAMENTO










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terça-feira, 1 de agosto de 2023

Dia do Poeta da Literatura de Cordel

O verdadeiro cordelista
Autoria: Rogério Fernandes Lemes

Há quem diga que o cordel
Só exista no Nordeste.
Fora desse redondel
É cópia e cabra da peste.
Que cordel é nordestino;
Só pode ser genuíno
Se for fruto do agreste.

Me vem um questionamento:
Não posso me apropriar
Deste belo ensinamento;
Dessa arte secular?
O que faz um cordelista?
Se não ser um ativista
Da cultura popular?

Porque tanto estranhamento
E egoísmo no pensar?
É por esse pensamento
Que só faz capenguear.
Mesmo longe do Nordeste
Passando pelo Sudeste,
Não paro de cordelar.

Assim como o nordestino
Eu falo do meu lugar;
Que tem rio cristalino
Onde não pode pescar.
O rio Formoso em Bonito
Reflete o céu infinito,
Que me perco só de olhar.

Que dizer de Manoel
E das coisinhas do chão?
Nós usamos o cordel
Para dar mais expressão;
Divulgar o meu Estado,
Um lugar abençoado,
Que tem Deus no coração.

Se não fosse um cordelista
Homem triste eu seria,
Ou quem sabe um repentista,
Para minha alegria.
Mas o fato é que escrevo;
O cordel é meu enlevo
Vinte e quatro horas por dia.

Certo dia eu conheci;
Já tinha ouvido falar.
Então eu não resisti
E resolvi cordelar.
Comecei quadra fazendo
Sextilha fui aprendendo,
Até a sétima chegar.

Uns diziam que besteira
O negócio de rimar.
Prefiro fazer esteira,
Pois não gosto de pensar.
Só que quando eles ouviam
Muitos deles só sorriam,
Com vontade de escutar.

Verdadeiro cordelista
Escreve aquilo que sente.
Não quer ser exclusivista
Isso o cordel não consente.
Cordel traz interações;
Aproxima regiões
E enaltece nossa gente.

Mas quem é o cordelista?
Me diga, quero saber.
Das letras é alquimista;
Não vive sem escrever.
Escreve verso com rima;
Metrifica ainda por cima,
Coisa linda de se ver.

Eu não nasci no sertão;
Não tive tal privilégio.
Mas amo de coração
E não acho um sacrilégio.
Escrever cordel eu quero;
É meu desejo sincero;
O cordel é meu colégio.

E assim sigo cordelando
Escrevendo cada verso;
Eu levo a vida cantando
No cordel eu vou imerso.
Sei que sou bom cordelista
Me sinto bem ativista,
Neste vasto universo.

Escrevi este cordel
Em forma de brincadeira;
Usei lápis e papel
Pra dizer que é besteira
Dizer que é só nordestino;
Se não for é clandestino,
Pois cordel não tem fronteira.

Cordelistas somos todos,
Do Oiapoque ao Chuí,
Deus me livre dos engodos
Que criticam por aí.
É gaúcho ou nordestino;
Homem velho ou menino;
Cordel também é daqui.

Publicado inicialmente na Revista Criticartes | 1º Trimestre de 2017 / Ano II - nº. 06